Análise | O Menino que Matou meus Pais - O faz de conta de Suzane Von Richthofen
- Luigi Leite
- 1 de out. de 2021
- 3 min de leitura
Lembra que na análise de A Menina que Matou os Pais eu disse que o filme é baseado unicamente nos autos dos processos e no depoimento dos envolvidos? Pois bem, no segundo filme que acompanha o depoimento de Suzane, isso fica ainda mais evidente pois toda a história parece absolutamente fantasiosa e minimamente detalhada... Detalhada até demais (como toda mentira bem contada). Mas será que isso significa que o segundo filme é inferior? MAZÉ CLARO QUE NÃO!

A versão Suzane
Em A Menina que Matou os Pais, Daniel conta para o público como foi que Suzane mexeu com a sua cabeça e influenciou ele e o irmão a cometerem o terrível crime. Ainda que parecesse sincero em seu depoimento, algumas coisas foram escondidas para que o jovem realmente parecesse alguém decente.
No segundo filme, é Suzane quem conta os detalhes da vida dos dois. Embora a grande maioria das informações dadas por ela pareça extremamente fantasiosas, é através dessas informações que as pontas soltas deixadas para trás são aparadas. Esses pequenos detalhes fazem parecer que ambas as versões tem suas verdades e seus assuntos omitidos, mas no depoimento de Suzane, talvez por sermos induzidos a pensar que ela é a grande mandante do crime, fica difícil acreditar em qualquer coisa que saia de sua boca e isso é graças a atuação impecável de Carla Diaz que consegue despertar em nós, reles mortais, o sentimento da dúvida.

Qual é o melhor filme?
Ambos os filmes são ótimos. Enquanto no primeiro temos uma versão maligna e dissimulada de Suzane participando da história, no segundo temos uma menina doce, incompreendida e esforçada. Já Daniel não tem muitas nuances e parece ter a mesma personalidade nos dois filmes, sendo apenas um pouco mais explosivo nesta versão em pauta. Mas é neste segundo filme que você consegue formar sua opinião sobre de quem foi a ideia de por fim às vidas dos Von Richthofen, sim, você decide em quem acreditar e este é o intuito dos dois longas.
Na minha humilde opinião, O Menino que Matou meus Pais se parece mais com um filme justamente por contar tantos detalhes com muita precisão, por isso leva o meu prêmio de melhor longa entre os dois. Enquanto no seu antecessor Daniel só ia contando o que aconteceu, aqui, Suzane se lembra das datas comemorativas, horários, dias, roupas e até cores de toalhas de banho (coisa de gente mentirosa, não é?). E isso torna o filme mais dinâmico e divertido de assistir pois toda hora você fica pensando: "Essa garota ta mentindo, não era ela que ofereceu drogas pra ele? Dissimulada!!!!"

A forma de contar história!
Além de um jogar a culpa no outro sobre pequenos detalhes que poderiam levar o juiz a refletir sobre quem foi a influência negativa para quem, é fato que ambos parecer ter culpa no cartório. Em todas as versões Suzane jamais põe a mão na massa na hora de cometer o crime, mas parece influenciar os irmãos em ambas.
Os dois longas começam da mesma forma e conforme a narrativa vai avançando, as diferenças aparecem justamente por contar com a perspectiva de cada um. Isso vale tanto para a narrativa quanto a filmagem, pois a câmera está sempre atrás de quem está narrando a história. O roteiro também tem mérito pois conseguiu tornar interessante uma história cujo final todos sabíamos como seria, dando profundidade para cada personagem e estudando de forma inteligente o psicológico de cada um. Estou muito orgulhoso do nosso cinema nacional e ficaria muito feliz se os responsáveis por essas obras contassem mais histórias dessa forma.

Os dois longas estão disponíveis no Amazon Prime Vídeo e é você quem decide em quem você vai acreditar no final das contas!

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