TBT | Will & Grace - O sitcom que marcou a sua época!

Como esquecer de uma série tão icônica quanto Will & Grace? O sitcom de 1998 desenvolvida por David Kohan e Max Mutchnick quebrou barreiras na época e, mais de vinte anos depois, continua sendo um importante marco para a comunidade LGBTQIA+. Não é pouca coisa não!

A comédia possui uma trama relativamente simples, em que a criativa designer de interiores Grace (Debra Messing), se muda para o apartamento de seu melhor amigo Will (Eric McCormack), um advogado responsável. A dupla precisa lidar com os altos e baixos de suas vidas amorosas, profissionais, além de seus complicados amigos, o extrovertido Jack (Sean Hayes) e a esnobe Karen (Megan Mullally).

Representatividade importa sim! (Spoilers adiante)

O diferencial aqui? Will e Jack são dois protagonistas assumidamente gays em plena década de 90 e, mais chocante ainda, os dois não são interesses amorosos um do outro só por conta disso. Enquanto Jack segue o padrão de estereótipos impostos aos personagens homossexuais, Will quebra tais estigmas, mostrando uma dinâmica interessante entre a dupla e como a orientação sexual de cada um não define suas características e hábitos – não é todo gay que gosta de musicais, minha gente!

Além disso, Will & Grace traz consigo um momento icônico para toda a comunidade LGBTQIA+: o primeiro beijo gay a ser exibido em horário nobre na televisão! Logo em sua segunda temporada, Jack e Will se revoltam quando um beijo ente dois homens é cortado de um programa da NBC (acontecimento que, de fato, ocorreu). Mas, em um protesto, Will parte para a ação e beija o seu amigo na frente das câmeras. A cena pode até não ser romântica, mas não é nada menos do que essencial.

E não tem como não amar essa amizade!

Mesmo em 2021, vemos como todas essas conquistas foram importantes para o crescimento da representatividade LGBTQIA+ dentro das telas. Percebemos que, ainda hoje, infelizmente, é difícil encontrarmos mais de um personagem principal da comunidade, ou possuindo histórias que não girem só em torno de sua orientação sexual – Will & Grace, você sempre vai estar nos nossos corações por conta disso!

Onze anos depois e... Surpresa!

Para a alegria dos fãs que disseram adeus a série em 2006, após oito temporadas bem-sucedidas, Will & Grace voltou para as nossas telas em 2017, em um revival que deu o que falar! As temporadas mais recentes da produção decidiram partir sem medo para novos assuntos – alguns, inclusive, bastante controversos.

Após o sucesso de uma campanha eleitoral realizada por todo o elenco a favor de Hillary Clinton, a NBC decidiu renovar Will & Grace para satisfazer tanto os fãs quanto os próprios escritores, que não estavam contentes com o final lançado onze anos atrás. E não é que funcionou muito bem? Apesar de todos os protagonistas estarem mais velhos, a série não se afastou de sua essência e continuou brincando com a relação dependente de Will e Grace, suas buscas fracassadas pelo amor, e as loucuras vividas por Jack e Karen. Nos deram de presente tudo e muito mais.

Parece que nada mudou!

O revival foi capaz de explorar ainda mais tópicos relacionados a comunidade LGBTQIA+, como, por exemplo, na emocionante história sobre a sexualidade do neto de Jack, quando os seus pais o mandam para um acampamento que pretende “curar” os gays. Além disso, alguns assuntos sérios como abuso sexual, depressão, política (que agradou ou afastou muitos), e os estigmas sobre a gravidez de mulheres mais velhas, também foram muito bem introduzidos – mostrando como Will & Grace continua relevante e sabe se adaptar perfeitamente a contemporaneidade.

Um brinde à amoralidade de Karen Walker

Sem dúvidas, a personagem interpretada por Mullally foi um dos grandes motivos para o sucesso da série. O seu jeito amoral e completamente cômico sempre resultava boas risadas da plateia. Mas, é claro que, como toda boa personagem, Karen cresce ao longo das temporadas. Na verdade, ela e Jack são até mais bem explorados nesse quesito do que os próprios Will e Grace... Foi incrível assistir Jack finalmente concretizando os seus sonhos e estando em um relacionamento feliz e estável!

Já Karen, primeiramente odiada por Grace, não só se torna a sua melhor amiga, como também sai à procura de suas próprias ambições e independência. É fácil dizer que um dos grandes destaques, tanto da atriz quanto da personagem, é no episódio “Rosario’s Quinceanera”, em que sua empregada e fiel companheira falece. É nesse, e em alguns outros momentos, que Karen mostra muito mais do que só a sua comicidade.

Você faz falta, Shelley Morrison!

Lésbicas, gays e... ?

Entretanto, é na mesma personagem em que a série brilha, que ela também peca imensamente. Em uma produção visivelmente focada a comunidade LGBTQIA+, chega a ser ultrajante toda a forma como lidaram com a “suposta” bissexualidade de Karen. Ao longo das temporadas, não é nenhum segredo todos os avanços e flertes que Karen faz em relação a outras mulheres (temos, inclusive, mais de um beijo lésbico entre ela e Grace).

Porém, quando ela, de fato, se interessa por uma mulher nas últimas temporadas, a história toda foi somente uma enrolação para, no final, dizerem que ela era hétero e tudo não passava de um mal entendido – grande representatividade! (SQN)

Acho que foi só uma piada... (bem sem graça!)

É no mínimo triste ver que em uma série revolucionaria como essa, a letra B foi tão mal explorada. A bifobia é até mesmo discutida em um episódio da temporada 11, mas, continua apostando em algumas concepções perigosas e prejudicando toda a magia que uma série como Wll & Grace tem a oferecer.

Tudo não passou de um sonho ruim!

Fora alguns erros e tramas corridas, a série conseguiu finalizar muito bem a sua história, mostrando que nunca é tarde demais para refazer seus erros. Dessa vez sem brigas excessivamente longas entre Grace e Will, e deixando claro que todo mundo tem direito ao seu conto de fadas, a produção é capaz de colocar um sorriso no rosto de qualquer fã injustiçado – menos para os fãs do Leo, é claro!

No fim, Will & Grace passa, acima de tudo, uma poderosa mensagem sobre amizade. O grupo de amigos pode até ter os seus problemas, mas sempre está ali um pelo outro. Ela não é só uma série importantíssima para a época em que foi lançada, como também conseguiu se estabelecer ao longo das temporadas como muito mais do que só uma comédia boba. E, se isso não for o bastante, ganhamos de bônus vários convidados incríveis no decorrer da produção, o que torna tudo ainda mais divertido!

Ficou nostálgico? Você pode rever todos os episódios dessa amada série lá na Amazon Prime ;)